*-* Katiuscia Canoro *-*: março 2009

Katiúscia Canoro encarna Lady Kate para a Canal Extra: 'Tudo meu!'

Ex- prostituta, a nova socialite Lady Kate é extravagante, colorida, falante, barraqueira. Ex-maquiadora, ex-cabeleireira, ex-produtora, ex-vendedora de funerária e ex-babá, entre outros afazeres, a atriz Katiúscia Canoro faz o estilo básica, alternativa, séria e, às vezes, até mal-humorada. Há um ano, criatura e criadora caíram nas graças do público com os bordões “Tô pagaaaanu!”, “A glana eu tenho, só me falta-me o gramur!” e “Buon, buon não tá, mas tá tá tá buon, tá buon, tá buon...”, no quadro que abre o “Zorra total” todo sábado à noite. Desde então, muita coisa mudou na vida dessa atriz curitibana, de 30 anos, que topou encarnar Lady Kate para a Canal Extra em situações superglamourosas — numa banheira de espumas com direito a champanhe, com um helicóptero e numa limusine —, mas mostrou-se nada deslumbrada ao falar sobre vida e carreira: “Tenho que me preservar até dos elogios para não entrar numa de que sou maravilhosa, porque não sou mesmo”.

— Desde que estreou como Lady Kate no “Zorra total”, o que mudou na sua vida? — Muita coisa, principalmente no sentido financeiro. Sempre trabalhei com teatro, sem estabilidade alguma. Agora, tenho salário fixo todo mês. A peça que antes eu apresentava para 20, 30 pessoas, agora faço para 400. Tive a oportunidade de mostrar um pouco do meu trabalho para o Brasil, e esse reconhecimento me abriu portas. Hoje, posso ajudar financeiramente a minha mãe, comer no restaurante que eu quero, pegar um táxi para sair... Mas tudo vem com um precinho a pagar: não tenho muita liberdade, as pessoas invadem a minha vida. — O assédio a incomoda? — Quando há exagero, sim. Outro dia, eu estava na praia e uma amiga me ligou dizendo que eu fui seguida por um paparazzo e que tinha fotos minhas de biquíni na internet. Jamais passou pela minha cabeça que alguém tivesse interesse em tirar uma foto minha de biquíni na praia, mesmo porque não sou símbolo de beleza, e nem gostaria de ser. Quero que as pessoas me vejam como atriz ou comediante, e não como a celebridade ou a gostosa da praia. — E quanto aos fãs? — As pessoas falam demais, chegam demais, elogiam demais. É legal, mas quem me elogia tem por base só parte de um trabalho que realizo há 16 anos. Não gosto que me papariquem. Sou muito verdadeira, tenho virtudes e defeitos como todo mundo. Tenho que me preservar até dos elogios para não entrar numa de que sou maravilhosa, porque não sou mesmo. — Você diria que hoje tem a grana e o glamour? — Olha, eu não tenho tanta grana, espero conseguir bem mais. Não tenho nem casa própria! Sou uma pessoa simples. Se você for na minha casa, vai ver que não tenho apego algum. Detesto shopping, nunca compro nada supérfluo. Se tenho uma roupa que não uso há seis meses, dou. Todo livro que eu amo, passo adiante. Ou seja, é glamour zero na minha vida. — Em abril, o elenco do “Zorra” será renovado. Você acha que Lady Kate tem fôlego para mais quanto tempo? — Acho que até o fim deste ano ela tem fôlego. Espero que tenha. Ainda estou curtindo a Lady Kate, e adoro trabalhar no “Zorra”. Com certeza, ainda vou fazer muitos personagens no programa, mas cada qual no seu tempo. Queria entrar com algo novo só quando ela chegasse ao limite, perdesse a graça.